domingo, 17 de setembro de 2017

O Crime Ambiental no Tâmega Rende

Crime Ambiental no Tâmega - S. Gonçalo -  Amarante
Fotografias de João Carvalho

O Crime Ambiental no Tâmega Rende

E rende há décadas. E queima as mãos de muitos decisores políticos neste país. Não queima?

A Palavra a José Emanuel Queirós.


PELO TÂMEGA SEJAMOS CLAROS E LIMPOS
Os problemas de eutrofização que o Tâmega actualmente evidencia e de que suas águas padecem não são de hoje! Acumulam no leito muitos mais anos de irresponsabilidade e negligência do que leva constituído o represamento da albufeira do Torrão, no distante ano da (des)graça de 1988. O crime do esgoto público é público e continuado em múltiplos, resultando na calamidade que afecta o rio, infesta o ambiente e ameaça a saúde pública.
Faz hoje (15/09) exactamente oito anos (2009-2017) que o rio Tâmega foi a matéria de uma conferência de imprensa realizada pela Quercus em Formão - Cepelos (Amarante) e onde, perante o estado de degradação das águas, foi solicitada «a pronta intervenção e investigação do Ministério Público, de modo a apurar as responsabilidades institucionais dos diversos intervenientes públicos e privados que levaram o rio Tâmega ao estado de degradação em que se encontra» (1). Até hoje!...
No ano seguinte (2010), com a massa de água do rio Tâmega a dar sinais de fermentação um relatório produzido sobre o estado do Tâmega (2) foi pela Câmara do Marco de Canaveses enviado a todas as autarquias ribeirinhas do Tâmega (câmaras e assembleias municipais), tendo sido endereçado às respectivas instituições responsáveis pelo ambiente e às mais altas instâncias decisórias do Estado Português.
Os alertas pelo Tâmega ecoaram nos órgãos de comunicação social sem que daí tivesse resultado qualquer procedimento institucional consequente, enquanto o rio soçobra no espelho ilegal mais realista dos desempenhos autárquicos promovidos nos domínios ambientais.
O Município de Amarante (Câmara e Assembleia Municipal) é conhecedor preferencial e insofismável da situação, até pelo seu contributo líquido para a morbidez induzida na massa de água, e só não conhecerá o que se passa quem não convive com o Tâmega, quem irresponsavelmente quer ignorar o problema ou eventualmente resida noutro planeta, o que não é o caso da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) nem da Região Hidrográfica do Norte, instituições do Estado tutelados pelo competente e sabedor Ministério do Ambiente.
Na verdade, e que haja conhecimento, no presente, não há novos factores perturbadores que tenham sido induzidos ao Tâmega, que constituam sobrecargas adicionais para o ecossistema ribeirinho, nem execuções que lhe tenham sido subtraídas desonerando-o de tamanhos encargos dissolventes, para além das efectivas descargas dos efluentes domésticos, industriais e agro-pecuários, drenando há décadas no eixo fluvial e em seus afluentes, da responsabilidade dos municípios ribeirinhos (da fronteira à foz!...), acrescidos das escorrências de lixiviados provenientes do aterro sanitário intermunicipal localizado em Codeçosso (Celorico de Basto), a montante de Amarante.
Sejamos claros: o rio Tâmega com seu leito estival não comporta tanta carga de merda como a que lhe é vertida sem qualquer tratamento prévio! Consequentemente, os resultados, em períodos de menores caudais, com mais horas de sol e maior aquecimento das águas – no Tâmega como em qualquer meio dulciaquícola lêntico ou semi-lêntico localizado em latitudes sub-tropicais como a que estamos – são sempre os mesmos: produção e libertação de metano na atmosfera, proliferação de maior densidade algal, maior densidade de cianobactérias e de microcistinas.
Haja nas instâncias decisórias do Estado Português (Governo e autarquias locais) quem, verdadeiramente, se interesse e se comprometa pelo rio Tâmega limpo!...


(
2) - Relatório «Rio Tâmega | Estado da situação»:



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