quarta-feira, 5 de abril de 2017

A Palavra a Santana Castilho - Frustrados e Mal Pagos


A Palavra a Santana Castilho - Frustrados e Mal Pagos

Hoje partilho um artigo saído no Público da autoria do Professor Santana Castilho. E sinto tristeza.

1. Toda a responsabilidade das mudanças projectadas para a Educação cai sobre os professores, sendo tão curioso verificar o topete com que se anuncia hoje como novo e criativo tudo o que já foi usado abandonado, como registar as incoerências crassas no seio daquilo que é proposto. Com efeito, que credibilidade podemos atribuir a uma estratégia de intervenção pedagógica que afirma querer construir um novo perfil saída dos alunos, assente em novas competências, sem tocar no currículo e que afirma, igualmente, que vai definir as "matérias essenciais", quando essa definição, obviamente, significa intervenção nos programas? Como serão feitos os exames e as provas de aferição? considerando os programas, em que não vão mexer, ou as matérias essenciais, que vão definir?
Tudo isto é uma trapalhada para tornear a lei, que prevê 20 meses entre o momento em que as alterações são anunciadas e o início do ano a que respeitem.
Mas se é insensato achar que se pode fazer isto sem mudanças curriculares, mais insensato ainda é pensar que se pode desenvolver uma cultura altamente cooperativa e e trabalho conjunto entre os professores sem intervir nas suas cargas lectivas e não lectivas, designadamente na estúpida burocracia que os submerge.

2. Com o contentamento irresponsável de quem não conhece a realidade, o ministro da Educação puxou pela cabeça  descobriu que a distância entre os nossos jovens e o iluminismo das metas para o século XXI se deve à inadequação da formação de 35 mil professores, que quaisquer 18 milhões resolverão.
À burocracia sem sentido que já existia somou a burocracia de um plano de combate ao insucesso, assente na formação do "Professor Novo" e no controlo de régulos sobre escravos. Os arautos da flexibilização a qualquer título para os alunos são os mesmos que ajoujam os docentes sob a rigidez estúpida de relatórios inúteis e torrentes de formação bafienta, que passa ao lado a causa das coisas mas, subliminarmente, inculca na classe um dissimulado complexo de culpa e muita frustração. Como gostaria de ver todo este folclore lançado à sarjeta, pela reclamação vigorosa, por parte da classe, o respeito que merece e do pagamento que lhe é devido, depois de uma década de progressão na carreira suspensa e salários congelados.
(...)

Pode continuar a ler o artigo aqui.

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