domingo, 18 de dezembro de 2016

Parque Florestal de Amarante Uma Obra Centenária

Fotografia sobre fotografia - Cepelos - Amarante

Parque Florestal de Amarante Uma Obra Centenária

A apresentação do livro decorreu ontem e eu fiz um enorme esforço para estar presente vinda de trabalhos agrícolas na Serra da Aboboreira. Mas consegui.
Ligam-me ao Parque inúmeras recordações de infância, de adolescência, de mulher já adulta registadas em visitas familiares domingueiras, e não só, que ficaram para sempre impressas em papel fotográfico, primeiro a preto e branco, depois a cores... e muitas outras memórias foram ficando registadas apenas dentro da minha cabeça... as corridas por cima dos cedros aparados do Parque Florestal que ladeavam a estrada que seguia para o Marco e Canaveses, junto ao Matadouro, onde vivi durante décadas... penso que de 1964 a 1998, ano em que fiz o caminho de retorno para o meu umbigo e vim para a rua, rua que já tinha sido a rua dos meus avós, a rua do meu pai.
Relembro as visitas ao Parque, acompanhada pelos adultos da família que nos mostravam o tanque dos patos, as gaiolas com a passarada, o encanto dos peixes junto à Ilha dos Amores e nos tanques, o fabuloso pavão, o encanto das flores, das folhagens das árvores e que partilhavam connosco notícias de ataques de raposas que, esfomeadas durante a invernia, desciam à vila atrás da comida indispensável para a sua sobrevivência... tudo histórias de um tempo que se escoava muito muito devagar.
Recordo as aulas de ginástica, todas ao ar livre, fizesse frio de rachar ou calor de torrar, em terreno pertença do Parque Florestal que tinha sobranceira a minha Escola, a Escola Preparatória Teixeira de Pascoaes... e as corridas de atletismo entre alunos de várias escolas, as aulas de Desenho com a inesquecível Maria José, à data uma professora novíssima, que fazia questão de nos tirar do interior da sala de aula para registarmos o casario de Amarante, o arvoredo da Florestal, enfim, o exterior, que uma Escola também tem de ser feita dele. Recordo as idas à Casa Principal do Parque, na altura morada de amigos de infância, as saídas de mota com um deles, os jogos de ténis entre amigos, os Jogos sem Fronteiras que organizávamos no logradouro da Casa Grande, no final do Verão, já a adolescência ia disparada.
E recordo idas à Florestal, já de filha pela mão, repetindo gestos que antes foram feitos pelos meus pais... olha os peixinhos, olha os passarinhos, olha as corsas... ai meus deuses, olha o pavão! Que lindo!
E foi do Parque Florestal que me lembrei quando, passados já tantos anos sobre estas memórias, precisei de colocar um grupo de alunos de um CEF de jardinagem que por lá estagiaram deixando saudades...
Em suma, foram mais de trinta anos a viver em terras que foram um dia do meu bisavô paterno, terras de vista privilegiada para a Florestal... Florestal que foi mesmo a primeira imagem que durante anos a fio tive sempre que saía porta fora... Parque Florestal que já conheceu melhores dias, é certo, mas que necessita apenas, nos dias de hoje, de investimento em mãos, em quantidade e em qualidade, que a saibam acarinhar e cuidar. De resto, o Parque Florestal é perfeito.

A obra, Parque Florestal Uma Obra Centenária, ontem apresentada ao público no Salão Nobre do Edifício dos Paços do Concelho, consta de dois volumes - Olhares Intemporais de Joaquim Teixeira Pinto e Olhares Intemporais de Eduardo Teixeira Pinto, ambos fotógrafos, pai e filho, que registaram em milhares de fotografias a vida do Parque ao longo das diferentes estações. Algumas destas fotografias foram agora partilhadas connosco, em livro de excepcional qualidade que, a partir de hoje, teremos o prazer de tocar e de acariciar com o olhar. É parte da nossa identidade que ali está, é a nossa terra, é a nossa gente.
O livro, composto por uma pequeníssima parte da obra fotográfica de Joaquim e Eduardo Teixeira Pinto, pretende comemorar o centenário da fundação do Parque Florestal de Amarante, um dos locais mais emblemático da nossa cidade. Socorro-me do conteúdo da página do Município de Amarante: "Trata-se de uma iniciativa da Associação para a Criação do Museu Eduardo Teixeira Pinto com edição da Câmara Municipal de Amarante.
O lançamento deste livro está ainda integrado na comemoração dos 100 anos do Regime Florestal a Serra do Marão, cujas atividades irão acontecer em cada uma das 4 estações o ano."
Acrescento que o magnífico design da obra é de Carlos Gallo, a paginação é da minha querida Maria Moita e que esta é uma obra que fará feliz qualquer amarantino que tenha a sorte de a folhear, ou, melhor ainda, de a possuir.

Parabéns a todos quantos, de algum modo, estiveram envolvidos na materialização desta maravilhosa obra.

2 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns à Associação para a Criação do Museu Eduardo Teixeira Pinto por esta iniciativa.
Será seguramente uma obra de referência para quem gosta de Amarante, e para que a visita, só possivel porque Amarante teve dois grandes fotografos que se dedicaram com paixão a retratar a sua terra.

Anabela Magalhães disse...

Excelente obra que já ficou inscrita na história desta cidade. Um privilégio "termos" o filho o pai!

 
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