sábado, 5 de novembro de 2016

A Criatividade nas Escolas - Clube " História em Movimento"

Caixa de Pigmentos Naturais Realizados pelos Alunos
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

A Criatividade nas Escolas - Clube " História em Movimento" 


O post que agora partilho foi originalmente escrito pelos meus alunos sócios do Clube História em Movimento, clube que iniciei logo no 2º ano de colocação na Escola onde ainda hoje me encontro a leccionar. 
Por estes dias, tem-se falado muito na importância da criatividade em Educação, da criatividade nas Escolas e até já escutei e li que a Escola, tal como hoje se apresenta, mata a criatividade. É certo que poderá assim ser, mas, do meu ponto de vista, é igualmente certo que poderá não ser. Há casos e casos e até em tempos adversos, às vezes até especialmente em tempos adversos, ensina-nos a História!, neste caso indutores de uma igualização/maquinização como aqueles em que hoje vivemos mergulhados, a criatividade aflora aqui e ali, muita dentro das Escolas, sendo que estas instituições têm muitas vezes "culpa" pela não partilha do tanto que por lá se faz e que, assim, acaba por cair no esquecimento e permanece na ignorância de um público mais alargado. 
Estou farta de falar sobre isto neste blogue, onde escrevo textos sobre Educação desde 2007.

Claro que, para promovermos a criatividade em larga escala dentro das Escolas, é fundamental:
  • Que a tutela não esmague os seus professores com uma burrocracia... de burros, com mil desculpas para os verdadeiros! 
  • Que a tutela não esmague professores e alunos com metas inexequíveis, e quantas vezes desajustadas ao nível etário dos alunos!, que fazem andar toda a gente numa roda viva, numa correria doida, que somente serve para alimentar o stresse dos miúdos e dos graúdos e que promovem, quantas vezes, a infelicidade profissional nossa... e deles. 
  • Que as chefias intermédias, professores que por vezes se esqueceram já da sua função maior e se encontram agora travestidos de burrocratas, não inventem mais burrocracia que só serve para somar à exigida pelo ME. 
  • Que os professores se sintam motivados e acarinhados pela tutela, pelas chefias intermédias e, tão ou mais importante do que as anteriores, pelos seus alunos, pedras basilares de todo este processo.
  • Que a tutela, as chefias intermédias, os próprios professores e alunos não impeçam e não boicotem! quem quer dar uso à sua criatividade dentro das Escolas.
  • E poderia acrescentar mais algumas premissas, mas escolho rematar com um ditado bem português que diz que Sem ovos, não se fazem omeletas!
Devo acrescentar que no Agrupamento onde me encontro a leccionar nunca fui impedida de trabalhar e de criar, por vezes do zero, o que engendro para motivar e estimular também a criatividade aos/dos meus alunos. Estes, que frequentam o Clube, estão, pela primeira vez nas suas vidas, a fabricar/criar pigmentos naturais que permanecerão no Centro de Recursos da Sala de História do 3º Ciclo da E. B. 2/3 de Amarante. Mas nada disto seria possível se a Directora do meu Agrupamento me tivesse dito que não, que não queria que por lá funcionasse um Clube a que chamei, em 2010, História em Movimento. 
E isto é relevante. Sei do que falo, até porque já estive em escolas em que a iniciativa de um/a professor/a não era coisa bem vinda... tudo emanando da esclarecidíssima e sapientíssima cúpula.
Posto isto, vamos à postagem dos meus alunos sócios do clube, que, por estes dias, andam entusiasmados com as técnicas de obtenção de pigmentos naturais do Paleolítico e tudo isto sem descurarmos a modernidade... é que eles também dão alimento ao meu outro blogue chamado História em Movimento. Ou seja, por estes dias andam armados em artesãos/bloggers que uma coisa não é incompatível com a outra.
Partilho-a aqui, neste meu blogue, onde escrevo o que me apetece, quando me apetece, já que, por aqui, terá sempre outra visibilidade e alcance já que este blogue tem incomparavelmente mais visitas do que o outro. Claro que, bem o sei, isto é apenas um pequenino exemplo do que, dentro de portas, se vai fazendo... um pequenino grão de areia/contributo para este peditório actual... 

Na passada sexta-feira tivemos a 2ª sessão do Clube História em Movimento durante a qual começamos por iniciar um novo projeto/desafio proposto pela professora. Este trabalho consiste na criação de uma paleta de pigmentos que iremos fabricar através do manuseamento de elementos naturais que serão moídos e aos quais poderemos juntar água, clara de ovo e/ou gordura animal. A professora começou por apresentar-nos uma caixa dividida em quadrículas, formada por dois tabuleiros sobrepostos, rigorosamente iguais, onde serão colocados os pigmentos que resultarão do nosso trabalho. 
Primeiramente usamos argila partida em pequenos pedaços, que trituramos num almofariz, obtendo, em resultado desta trituração um pó fino de cor ocre/tijolo. Pelo mesmo processo reduzimos a pó um pedaço de carvão que originou a cor preta. Trituramos ainda pétalas de flor amarelas que, depois de bem trabalhadas, transformaram-se num pigmento castanho-escuro. Com seis ovos, três crus e três cozidos, obtivemos diferentes cores: laranja e amarelo-claro, respetivamente. Incluímos também nesta paleta a casca de pinheiro que foi trabalhada da mesma maneira que os produtos anteriores e obtivemos uma belíssima cor castanha avermelhada. Por último, foram utilizadas especiarias, tais como açafrão e orégãos para a obtenção dos pigmentos amarelo e verde. 
Contudo, nem todos os pigmentos já obtidos serão conservados na caixa dado que alguns se degradam tornando impossível que estes se mantenham intactos. 
Para além do fabrico de pigmentos, realizaremos também pincéis a partir de pêlo de cabra que nos foi oferecida pela avó do Fábio, sócio deste clube. 
Tentamos, através destas sessões oficinais/laboratoriais de História, aproximarmo-nos o mais possível dos gestos realizados pelos nossos antepassados Homo sapiens sapiens, os primeiros a criar/inventar a arte neste longo processo de Hominização.

Os sócios inseridos no clube são:

Luís Teixeira, Nº19, 8ºB
Miguel Coelho, Nº22, 8ºB
David Teixeira, Nº6, 8ºB
Ana Ribeiro, Nº2, 8ºB
Fábio Queirós, Nº10, 8ºB
Mariana Ribeiro, Nº20, 8ºB
Joana Ribeiro, Nº15, 8ºB
Beatriz Barbosa, Nº4, 8ºB
Mariana Carvalho, Nº21, 8ºB
Gonçalo Macedo, Nº13, 8ºB
Íris Ribeiro, Nº14, 8ºB
Lourenço Leite, Nº18, 8ºB
Paulo Santos, Nº23, 8ºB
Hélder Ribeiro, Nº9, 7ºA

Este post foi elaborado por:

Luís Teixeira, Nº19, 8ºB
Miguel Coelho, Nº22, 8ºB
Ana Ribeiro, Nº2, 8ºB
Hélder Ribeiro, Nº9, 7ºA

Nota - É claro que os frascos e a caixinha pintada de preto são uma inovação do nosso tempo que servirá para manter os produtos obtidos em bom estado de conservação para que possam ser facilmente usados por todos os professores de História da E. B. 2/3 de Amarante que entendam ser pertinente o seu uso.
É claro que para nos aproximarmos mais ainda do modo de vida do Paleolítico, procuraremos arranjar uma casca de árvore que servirá de paleta onde colocaremos pigmentos e pincéis feitos em madeira e pêlo de animais. Tudo isto será realizado pelos alunos durante as próximas sessões do Clube História em Movimento.

Ah... e, queridos sócios, sejam muito bem vindos!

Anabela Magalhães

2 comentários:

Isabel Preto disse...

Gostei imenso de visitar o site do Clube. Realmente, os trabalhos são fantásticos e cheios de criatividade.

Anabela Magalhães disse...

Muito obrigada, cara Isabel Preto! De facto já há por lá muito trabalho que nos vai enriquecendo o Centro de Recursos da Sala de História da E. B. 2/3 de Amarante.
E o caminho faz-se caminhando...
Beijinhos!

 
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