quarta-feira, 20 de abril de 2016

Uma Fotografia Por Dia, Não Sabe o Mal que Lhe Faria

Largo Medonho - S. Pedro - Amarante
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Uma Fotografia Por Dia, Não Sabe o Mal que Lhe Faria

Todos os aglomerados populacionais, sejam eles cidades, vilas, aldeias ou lugares, são compostas por dois tipos de espaços - os espaços privados e os espaços públicos todos eles sujeitos a leis e a constrangimentos mais ou menos apertados conforme estão ou não sob a alçada de IGESPAR, integram ou não Património Mundial sob Protecção da UNESCO, obedecem a leis existentes no país, nas autarquias, o que for.
Resultado da passagem de uma economia recolectora e de caça para uma economia produtora, a fixação das populações é permitida/obrigada pela invenção da agricultura, complementada pela domesticação e criação de animais... e demais actividades produtoras que o Homem não mais deixou inventar na procura incessante de melhores condições de vida para si e para os seus.
A vida comunitária complica-se, os primeiros povoados dão origem às primeiras cidades que surgem pela primeira vez na zona do Crescente Fértil, o espaço público, arruamentos e praças, principalmente a praça, surge como o local privilegiado de convívio, frequentemente centro da vida social, económica, cultural, religiosa, política, enfim, o coração da cidade ou, como costumo dizer, o seu umbigo. E as cidades continuam a evoluir, basta pensarmos na complexidade duma ágora grega e de um qualquer fórum romano, praças identitárias resultado de específicas civilizações sofisticadíssimas.
E assim continuou ao longo da História, ai que belas praças foram desenhadas no Renascimento, o espaço público praça foi sendo sempre um local de encontro e de usufruto das populações, enfim, os locais mais importantes das cidades, das vilas e das aldeias, à volta das quais estão, frequentemente, os seus edifícios/equipamentos mais belos e mais importantes. Não é por acaso que hoje, ao colocarmos a opção de navegar até ao centro de uma qualquer cidade num qualquer aparelho de navegação vamos ter direitinhos... pois, normalmente a uma praça umbigo dessa mesma cidade, a um vazio, de maior ou menor dimensão, mais ou menos desafogado, mais ou menos ou completamente rodeado de construções onde as pessoas continuam a encontrar-se, onde existem esplanadas, onde há festas e concertos e se desenrolam actividades muito diferenciadas mas agregadoras das comunidades, neste caso urbanas. Hoje em dia com ou sem circulação de automóveis e afins.
Se é certo que as ruas e as quelhas de uma cidade dizem muito aos seus habitantes, pelo menos a alguns mais atentos, as praças, umbigos das próprias cidades, dizem-lhes ainda mais.
A renovação urbana é necessária, já o afirmei frequentemente neste blogue, e é até natural que alguma coisa se perca pelo caminho para ganhar algumas outras... mas que sejam atinadas.
Intervir no centro de uma cidade à martelada, espatifando tudo pelo caminho, é talvez de doidos e de irresponsáveis, não? e é apanágio de todas as forças que lideraram e continuam a liderar a autarquia, do PSD ao PS, nos anos que se seguiram ao 25 d Abril. Assim, o primeiro desastre amarantino foi a intervenção no Largo do Arquinho que transformou uma belíssima praça numa mais do que medonha praça que nem a última intervenção conseguiu recuperar em beleza, equilíbrio e excelente mobilidade para pessoas e veículos; o segundo desastre foi o Largo de S. Gonçalo, agora transformado numa autêntica eira fervente que absorve todos os raios do sol escaldante do Verão amarantino para os libertar, durante a noite, por vezes mais parecendo, a praça, um radiador; o terceiro desastre é este que todos os dias capto com a lente da minha máquina fotográfica e que ficará nos anais da história local, por todas as razões e mais algumas, todas elas péssimas. A falta de respeito pelo espaço envolvente é gritante. Pelos habitantes que por aqui não abundam, é certo!, também é gritante. E assim se perde mais uma oportunidade de ouro para dignificar a cidade de Amarante. E se há cidade que merece ser dignificada é esta. Digo eu, claro!

2 comentários:

Anónimo disse...

Lindo que está o nosso largo, agora só falta a quelha que liga à SEDE

Anabela Magalhães disse...

É verdade, está liiiiiiiiiiiiiindo! Com o sol a dar-lhe, no Verão, é que vai for! Ainda vamos parar à urgência com queimaduras de 3º, 2º e 1º graus!
Fico contente por ter ficado cliente deste blogue, Anónimo!

 
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