quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

A Palavra a Paulo Guinote

Sala de História - EB 2/3 de Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

A Palavra a Paulo Guinote

A palavra que podia ser minha. Sobre os mortos... em vida.


O Direito que não Temos


Aquele que, quando usado e abusado, marca a diferença entre o profissionalismo de quem se sente professor, apesar de todas as adversidades e o andar-por-aí-a-dar-umas-aulas. É o de tirar o gosto e o prazer dos alunos numa determinada matéria ou área de estudos, só porque se está de mal com a vida ou . há que admiti-lo – se é tão incompetente que nem se consegue gostar um pouquinho do que se ensina ou que gostem do que ensinamos.
Por muito mal que sejamos tratados pela tutela, pelo funcionamento da nossa escola ou pela vida em geral ou particular, ninguém tem o direito de descarregar isso nos alunos e fazê-los deixar de gostar, por exemplo, de História ou Português, que são as disciplinas que lecciono.
O pouco que eu me meti em lutas em defesa dos professores e a acusação de corporativoque muitas vezes sofro, não sendo raro dizerem-me que eu defendo a minha classe apesar de todos os seus defeitos, traça a sua fronteira nestes casos que, mais do que falta de vocação para a docência, têm falta de vocação para a vida e vivem sem disponibilidade para encontrar nos outros um interesse genuíno em aprender, sendo nosso dever, no mínimo, acarinhá-lo. As turmas podem ser más, os alunos podem ser, em muitos casos, mal-educados ou desinteressados, os encarregados de educação ausentes ou arrogantes, a política educativa uma porcaria, mas nenhum de nós deveria ter a falta de pudor de se estar nas tintas para os alunos que querem aprender e que, apesar de todos os problemas, se interessam, colocam questões, trabalham.
Confesso que a quem age de tal forma não considero meu colega de profissão e acho que não passa de uma cadáver ambulante a arrastar-se pelos corredores e a fazer perder tempo e gosto aos alunos que têm o azar de o ter apanhado no sorteio dafactura do azar. Quem diz que a mobilidade não faria bem a quem assim encara as coisas?

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