segunda-feira, 13 de abril de 2015

Foz Côa - A Catedral Portuguesa da Arte Paleolítica



 

 


Núcleo de Arte Paleolítica da Canada do Inferno - Foz Côa
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães


 

 

 

 


Núcleo de Arte Paleolítica da Penascosa - Foz Côa
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Foz Côa - A Catedral Portuguesa da Arte Paleolítica

É do conhecimento da generalidade das pessoas, mesmo das inteiramente leigas sobre estes assuntos da História, nomeadamente da História da Arte, que o Parque Arqueológico de Foz Côa alberga a maior colecção conhecida de arte rupestre paleolítica ao ar livre existente nesta nossa casa comum que é a Terra.
O Vale do Côa, protegido e temperado, rico em caça e em pesca, em frutos e no mais que os nossos antepassados necessitavam para assegurar a sua sobrevivência, atraiu, desde tempos imemoriais, uma população que elegeu este vale como a sua casa, como o seu lar. Fruto desta escolha, estas margens haveriam de guardar dentro de si as pegadas destes ancestrais Homo sapiens sapiens duplamente sábios e sabedores, que foram geniais em Foz Côa e que nos legaram os comprovativos dessa genialidade na arte rupestre que acompanha o vale mais ou menos profundo. A fauna representada pela gravação é diversa - auroques, veados, cabras, cavalos, corças, camurças, peixes, até algumas raras figuras humanas - figuras sobrepostas ou isoladas, por vezes de tal forma emaranhadas que se torna difícil acompanhar o traçado extraordinariamente fino e elegante ou mesmo mais forte e mais marcado. De génio mesmo, a opção pela gravação de animais com duas ou mais cabeças, induzindo em nós a sensação de movimento, enfim, introduzindo aqui, estes artistas do Côa, os princípios da Banda Desenhada que estava ainda tão longe de ser descoberta, geográfica e temporalmente falando.

As caminhadas para os núcleos, curtas, valem cada passo dado por veredas que acompanham o curso curvilíneo e agora manso do Côa. Por esta altura, pela Primavera, os malmequeres e o rosmaninho aos molhos enchem os montes de odores incríveis e de cores soberbas que nos espicaçam os sentidos para o que depois veremos e escutaremos. O chilreio da passarada louca é omnipresente. Associar tudo isto a um dia de sol radioso é uma bênção dos céus, de que podemos usufruir quase sem dispêndio de verbas para enorme deleite e preenchimento dos nossos interiores, todos os dias a precisarem de ser alimentados de coisas belas e poderosas. Foi o caso.

Aconselho vivamente os meus leitores a organizarem visitas ao Parque Arqueológico do Côa. A região é soberba, pacata, habitada por gente hospitaleira e acolhedora. Combinem tudo com antecedência com o pessoal do museu que é, em cinco estrelas, seis estrelinhas.
E não se arrependerão. Digo eu.

2 comentários:

zuu.bras@gmail.com disse...

Colega, já estive lá, é de facto um local muito especial que nos faz pensar.Toda aquela zona é um santuário ao ar livre. Mas igualmente lindo é a zona de Linhares, Sernancelhe, Marialva, tida aquela zona é majestosa, transporta-nos para outras épocas que marcaram profundamente a vida do homem.
Um beijinho e continuação de bom trabalho, Zulmira Brás

Anabela Magalhães disse...

Boa noite Zulmira Brás!
Volta e meia retorno a esta região interior. A região é tão bela que este retorno é quase uma peregrinação à própria transcendência paisagística.
Desta vez aproveitei e dei um pulinho a Marialva...
Beijinho e continuação de bom trabalho também para ti!

 
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