terça-feira, 15 de novembro de 2011

Tomada de Posição

Tomada de Posição

Tomada de Posição do Departamento de Ciências Sociais e Humanas
da Escola Básica Carolina Beatriz Ângelo, Guarda
Para:
gp_ps@ps.parlamento.pt
gp_psd@psd.parlamento.pt
gp_pp@pp.parlamento.pt
gp_pcp@pcp.parlamento.pt
bloco.esquerda@be.parlamento.pt
Pev.correio@pev.parlamento.pt
belem@presidencia.pt
pm@pm.gov.pt
aph@netcabo.pt
dgidc@dgidc.min-edu.pt
cneme@mail.telepac.pt
geral@esjgf.com
deb@deb.min-edu.pt

O Departamento de Ciências Sociais e Humanas da Escola Básica Carolina Beatriz Ângelo da Guarda deixa aqui o seu veemente repúdio pela possibilidade aventada, nos órgãos de comunicação social, de redução da carga horária e fusão das disciplinas de História e Geografia na futura revisão curricular do ensino Básico. Os professores deste Departamento rejeitam a ideia veiculada de que estas disciplinas não sejam consideradas estruturantes. Consideramos que as mesmas contribuem para a formação de cidadãos conscientes assim como para a melhoraria da qualidade das aprendizagens dos nossos alunos.
Consideramos que esta proposta retira valor às Ciências Sociais e Humanas, o que não pode acontecer numa sociedade que se pretende interventiva, esclarecida, participativa e criadora de um mundo melhor.
Não podemos esquecer a importância da História para o conhecimento dos tempos passados e para a possibilidade de perspetivar o futuro. A História tem um importante papel no desenvolvimento dos valores ligados ao pensamento democrático, à estruturação do pensamento, ao desenvolvimento das capacidades de análise e síntese numa sociedade, cada vez mais complexa, onde é necessário alargar as capacidades de análise e reflexão que permitam aos nossos jovens, futuros cidadãos, fazer opções seguras e livres.
O conhecimento geográfico inclui componentes muito diversas – do ambiente às questões económicas, sociais e culturais – articuladas entre si por um nexo territorial. A Geografia sublinha contrastes territoriais atribuindo-lhes dois sentidos: as assimetrias que é necessário combater e erradicar, as diferenças que é necessário preservar, potencializar e valorizar.
Neste contexto, a curiosidade geográfica e histórica emerge como uma atitude/valor de primeira grandeza. É ela que, ao longo da vida, estimula novas interrogações, permite desenvolver novas competências, propicia a aquisição e a produção de novos conhecimentos, É através das descobertas que se promove a curiosidade, se favorece a consolidação de uma atitude crítica que nuns casos desenvolve a tolerância e o diálogo, noutros provoca indignação. A curiosidade permite, ainda, identificar as vantagens do conhecimento, mas também os seus limites face a outras disciplinas ou saberes não eruditos, suscitando uma atitude favorável ao confronto de ideias e de perspetivas e, naturalmente, a uma postura de respeito por opiniões e abordagens distintas e devidamente argumentadas. A curiosidade favorece igualmente o estabelecimento de pontes com outros saberes, contribuindo para evitar leituras reducionistas e fundamentalismos de base exclusivamente disciplinar.
É a curiosidade fomentada por estas disciplinas que favorece o confronto de ideias, de inércia e mudança, de passado e de futuro, de memória e de prospetiva que permitirá a ponderação dos riscos inerentes a qualquer processo de tomada de decisão ou de intervenção. É através das metodologias pedagógicas destas disciplinas, leitura e interpretação de textos, mapas e outros documentos, que se contribui para uma melhor aprendizagem e aperfeiçoamento das competências específicas da Língua Portuguesa.
No modelo pedagógico que hoje se preconiza para estas disciplinas o professor é um organizador de situações de aprendizagens contextualizadas, adaptadas à idade, ao nível de desenvolvimento cognitivo dos alunos, aos seus interesses, ao seu ritmo de aprendizagem e às competências que se pretendem desenvolver. A resolução de “ situações – problema” e o desenvolvimento de projectos é um trabalho simultaneamente cognitivo e social. É imprescindível, portanto, que o aluno se implique nas tarefas a desenvolver, o que passa por uma relação pedagógica cooperativa e pela colaboração entre pares.
Assim, sendo já manifesta a dificuldade dos docentes deste Departamento, desenvolver as competências acima referidas com a carga horário atualmente atribuída, impossível será concretizar um modelo pedagógico, que se pretende participado e eficaz na construção do saber pelos nossos alunos, se os tempos lectivos a disponibilizar forem ainda mais reduzidos.
Por outro lado, se for levada a cabo uma fusão destas duas disciplinas, numa operação que nos parece altamente penalizadora para os saberes desenvolvidos nas aulas de História e Geografia, corre-se o risco de os nossos alunos chegarem ao final do 3º ciclo com a sua formação amputada pela ausência de aquisição das competências essenciais e específicas de cada uma destas disciplinas. Apesar da História e Geografia pertencerem às Ciências Sociais e Humanas, não deixam de desenvolver saberes e competências específicas que não se podem aglutinar numa única disciplina resultado de uma visão redutora do currículo, da mesma forma que não podemos agrupar as disciplinas que integram as Ciências Exatas e Experimentais.
Guarda, 26 de Outubro de 2011


Post surripiado ao Guinote.

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