domingo, 9 de janeiro de 2011

Acção de Formação Sobre Sexo


Mosaico Romano - Museu de Leon - Espanha
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Acção de Formação Sobre Sexo

A opção cega do ME de impor por lei, aos directores de turma, a obrigatoriedade de estes leccionarem Educação Sexual à rapaziada que povoa as nossas escolinhas... tem que se lhe diga. Porque uns não têm qualquer apetência para, porque uns têm formação em arquitectura e outros em engenharia civil e outros em alemão e francês e outros sentem-se mesmo desconfortáveis ao falar dos assuntos do sexo e patati e patatá.
Por acaso não é o meu caso, que eu sou a bem dizer pau para toda a colher, ganhei uma grande endurance na Educação de Adultos e nos CEF, onde já tive de lidar com situações que não lembra ai diabo, e não me sinto especialmente desconfortável perante tão interessante e basilar tema. Mas nem todos se sentem assim e, mais uma vez, o ME decidiu de forma cega, o que me deixa sempre incomodada de sobremaneira. Mas adiante.
A acção de formação, que tem um nome pomposo que me abstenho de reproduzir, é por nós carinhosa e familiarmente tratada de sexo para a frente e sexo para trás e é ver-nos na Escola em conversas alto e bom som -"Para onde vais?" Vou para o sexo!" ; "Já vais embora?" "Não, ainda tenho sessão de sexo!" E é ver-nos no bar, pelas 17 horas a pedir lanches reforçados "porque temos sexo até às 21:00 e já nem temos energia para tanto!"
Ou seja, o sexo ganhou uma dimensão, agora profissional, nunca antes vista, nem observada, pelo menos por mim, em todas as escolas por onde passei.
Que o sentido de humor não nos falte, nem nos abandone, porque garanto que é penoso, no fim de um dia de trabalho, entrar em formação de não sei quantas horas seguidas, mesmo se o tema é tão interessante, mesmo se a acção é deveras interessante, opinião partilhada por todos, pelo que me é dado observar.
Um dia destes acho que causei até uma certa perplexidade na formação. Porque sou, talvez, a mais velha, pelo menos uma das mais velhas. Em idade, bem entendido!
Perguntou a nossa formadora se alguém de entre nós tinha tido Educação Sexual na escola.
Tudo em silêncio... e eu estiquei o braço e o dedo e partilhei a informação, alto e bom som, orgulhosa "Eu tive, antes do 25 de Abril, com a Maria Eulália Macedo, a professora de Moral que não cumpria os programas impostos pelo Estado Novo e era, por certo, para grande alegria das suas alunas, uma subversiva." E fui secundada pela Zinha, feliz usufruidora das aulas da Lala.
Já falei da Menina Lalinha, Lala, Eulália, Maria Eulália, Tia Lala... variadíssimas vezes neste blogue, etiquetada na secção dedicada a "Professores Muito Especiais" que povoaram e povoam os meus dias. Cliquem nos linkes a vermelho. A Lala teve, e continua a ter, uma enorme importância na minha vida.
Foi minha professora na Escola que antecedeu aquela onde agora sou professora. Vejo-a todos os dias ao entrar na Biblioteca Maria Eulália Macedo, nome da Biblioteca da EB 2/3 de Amarante. Sei que ela me continua a envolver com as suas asas maternais capazes de albergar o Mundo.
Obrigada, Tia Lala.

2 comentários:

Ricardo Pereira disse...

As acções de formação em "Educação Sexual" são tão profundas como tentar educar um adulto a tossir!

Anabela Magalhães disse...

Olá Sofia!
Presumo que as formações estejam muito dependentes da qualidade dos formadores, no meu caso formadoras. Tive duas sessões, hoje terei a terceira, e estão a ser muito produtivas. Até agora. No final farei o balanço. Embora eu me sinta à vontade para abordar o tema com os miúdos preciso mesmo desta formação, para me sentir mais segura para abordar a coisa com pés e cabeça.
A ver vamos.
Bjs

 
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