terça-feira, 19 de maio de 2009

Confesso a minha total incapacidade em digerir estas "aulas" de deseducação sexual integradas na disciplina de História.
Confesso que tenho até dificuldade em arranjar um título adequado para este post de conteúdo impróprio, grosseiro e rasca.
A professora em causa foi suspensa das suas funções? Pois parece-me bem. Mesmo na dúvida, e sem se saber tudo o que se passou, parece-me bem que não se prolonguem os estragos de que esta senhora parece ser responsável.
Chegada a este ponto ocorre-me que no meu país há dois pesos e duas medidas.
Em que ficamos com um senhor que por acaso é o presidente do Eurojust?

14 comentários:

Teresa Diniz disse...

Anabela
Acabei de ouvir na televisão (SICN) as gravações das aulas desta professora e confesso que estou chocada. Por várias razões, a primeira das quais são as gravações propriamente ditas: agora é legal levar gravadores e gravar as nossas aulas? Tirando isso, a senhora em causa pareceu-me perturbada, a conversa não é normal. E não falo só na sexualidade, com que ela lida de uma forma efectivamente grosseira, mas também outras ameaças e afirmações que deslustram a nossa classe. E já sabemos que tudo o que diz respeito aos professores é tratado de forma particular pelos media. Que tristeza!

Ramiro Marques disse...

Anabela! Por princípio acho perigoso suspender alguém antes de um inquérito. Aliás, se a professora contestar em Tribunal Administrativo pode ganhar a acção por falta de cumprimento de formalidades legais.Para mim é uma questão de princípio.

Anabela Magalhães disse...

Que eu saiba não é legal, Teresa. Que eu saiba uma gravação feita nestas circunstâncias também não serve de prova em tribunal.
Tirando essas questões legais, a resolver por quem de direito, fiquei preocupada com os miúdos.
Claro que há muitas questões que aguardam resposta. Aguardemos.

Anabela Magalhães disse...

Olá Ramiro.
Estamos de acordo. Por princípio não se deve suspender sem se averiguar o que se passou. Por princípio. Eu abro muitas excepções a este princípio quando em causa estão menores. Passo a explicar-me. Na dúvida quero uma pessoa altamente suspeita de pedofilia imediatamente afastada da criança que este suposto pedófilo abusou. Mas é que é imediatamente. Com isto não quero dizer que quero que isto aconteça por dá cá aquela palha, só porque alguém se lembra de acusar outro disto ou daquilo.
Aqui não parece ser este o caso.
Parto do princípio que a notícia foi dada com seriedade e que não se trata de uma notícia fabricada pela SIC. Ora a notícia não focou apenas a gravação em si. Ao que parece, as queixas já se arrastam há três anos, vão no mesmo sentido, e eram do conhecimento de pelos menos algumas pessoas da escola, de alguns alunos e de alguns encarregados de educação. Não sei todos os contornos da história, nem ninguém sabe ainda, nem sei mesmo se se saberá, mas presumo que quem decidiu suspender esta senhora não teve só em conta esta gravação que até podia muito bem ser uma falsificação.
De resto em todas as profissões há gente desaparafusada e a nossa não é excepção.
É claro que se se vier a descobrir que tudo isto é uma montagem cá estarei eu para voltar a falar.
Ah! E volto a deixar aqui a minha opinião sobre o presidente do Eurojust. Alvo de um processo disciplinar que apurará os factos que apurar, as suspeitas são de tal forma graves que, também neste caso, considero que o senhor já devia estar suspenso há muito. Mesmo que este senhor venha a ser declarado inocente.
Espero não ter sido confusa nos argumentos utilizados.
Beijinho, Ramiro.

extramar disse...

Estamos colocados perante um caso paradigmático em que a Educação (não o ensino, claro!) não atingiu a professora - enquanto colocada no papel de educanda (e com tantos anos a limpar mesas e cadeiras em salas de aula!) - e pelo caminho que segue junto daquele grupo de alunos(as) também dificilmente os atingirá, dado que precoce e perversamente o sistema proporcionou que se invertessem os papéis.
Nessa cena, procurem não distinguir as pessoas pelo rosto, pela voz, pelo sexo, pela idade ou pelo estatuto, mas façam esse esforço fundamental para reconhecer, pelas reacções ou pelos efeitos gerados em cada um dos protagonistas, da excelência do modelo de ensino/Educação em que todos estão mergulhados, e vejam se podem ou não concluir que tudo mais parece um jogo de caça ao mais fraco.

Ana Cristina Leonardo disse...

1. Anabela, a Pastelaria está à sua disposição
2. Não ouvi a gravação. Acho gravíssimo que se usem gravações como meios de prova e recuso-me a ouvi-las
3. Acho gravíssimo que sejam precisas gravações para alguém prestar atenção ao que se passa dentro de uma sala de aula
4. Gostava de saber de quem foi a ideia da gravação (da aluna, dos pais)?
5. Acho que a Margarida Moreira já devia ter sido suspensa há muito tempo (muito antes de sábado, certamente)
6. Acho que a ser verdade o teor da conversa na sala de aula, a professora devia ser impedida de dar aulas - com ou sem gravação
7. Acho que os dois pesos duas medidas é a medida que temos, infelizmente. E parece que desta vez nem a escola se chamar "Sá Couto" obviou ao desenlace

Anabela Magalhães disse...

Aguardo pacientemente que se faça luz sobre este caso, Extramar.
Muito embora este país seja perito em deixar tudo numa nebulosa.

Anabela Magalhães disse...

Obrigada Ana Cristina. Curiosamente estava agora mesmo na pastelaria! :)
Quanto às gravações, ilegais bem sei, o problema é que quando se tornam públicas não podemos meter a cabeça na areia e fingir que elas não existiram. Existiram. É o mesmo caso do Freeport. Apesar de não servirem de prova para a nossa Justiça a verdade é que eu gostaria de ver tudo investigado de fio a pavio.
E se neste caso de Espinho existiam queixas anteriores é pena que se tenha chegado a este ponto e que a escola não tenha encontrado em si mesma mecanismos de actuação face a esta situação aparentemente gravíssima. Se o linguajar que eu ouvi na reportagem é verdadeiro, se não se trata de uma montagem ou de quaisquer efeitos especiais não há desculpas possíveis, nem refúgios possíveis em "resposta a provocações".
Quanto à senhora drena é evidente que essa senhora nunca deveria ter ocupado o posto que ocupa. Se gravassem o que ela diz ia de novo cair o carmo e a trindade neste país! Porque quem assim escreve melhor fala!
E lamentavelmente temos dois pesos e duas medidas cá pelo rectângulo.
Ou serão ainda mais?

Elsa C. disse...

No reino das gravações clandestinas...

Cansamo-nos de ser treinadores de “sofá”. Doravante, a função é mais apelativa: estatuimo-nos nas funções de psicólogos, psiquiatras, sociólogos. E esta metamorfose funcional dá-nos, aparentemente, um desmesurado poder: o de opinar. Verborreia fácil. Palavras à solta, mas ancoradas nos preconceitos e na desinformação.

O aluno filmado na escola y?
Pertence a uma família disfuncional.
A professora?
Apresenta sintomas de profundo desequilíbrio.
O político, suspeito de corrupção?
É político. Apenas isso. Acima da lei, não ao seu serviço. Abaixo dos valores nobres norteadores da acção “desinteressada”. Está salvaguardado pela lei. Lei eleitoral. Fazedora de víboras.

Um Estado de Direito encobrirá ilegalidades?
Não.
Até onde deve ir a nossa subserviência à Lei desigual na sua aplicação? Onde e como se iniciará a legítima-ilegítima desobediência?

O discurso da professora X?
É um lamentável erro de guião. De casting. De disciplina. De escola. De sistema Educativo. De alunos. De Pais. De povo. De País. Desculpem-me a linguagem cinematográfica.

A pergunta que se deve colocar é: quantos casos ainda do foro de um público-privado existirão? Não, apenas, na disciplina, na escola, no sistema educativo e seus protagonistas, mas de Pais, do Povo e do País?
Bela tríade, esta. Pelo que me recuso a acrescentar mais algum P.!


Como diz a A.M.M. há maus profissionais em todas as áreas. Uns casos são filmados, publicitados; outros, não. Não despenalizo a situação que se me afigura gravosa.. Mas há tantos outros casos conhecidos...os tais acima da Lei e abaixo da Ética....
Somos infinitamente pequenos para a maldade infinitamente grande entranhada no País.
A partir de agora, não é a pasta, mas a máquina (de filmar) que deverá constar dos materiais pedagógicos a serem utilizados pelos professores. A partir deste momento, celebremos e filmemos tudo e todos, em todos os lugares. A todo o momento. Por mim, amanhã estarei de máquina em punho...sabendo de antemão o guião deste país. Um País onde tudo se filma, tudo se deteriora, nada se renova.
Quando a ética se divorcia da política ou a moralidade da legalidade, eis que surge Portugal. E Portugal, geograficamente minúsculo, transformou-se num gigantesco filme. Análogo “À Branca de Neve”. E viva João César Monteiro!

Elsa Cerqueira

Anabela Magalhães disse...

O nosso país caminha para o abismo.
É o que sinto, Elsa. É aquele buracão enorme que tudo suga.
Quanto ao João César Monteiro... Viva!

www.angeloochoa.net disse...

comment a post c/ mesmo tema em blogue de HB:
(e se disse pobre da Anabela não tomes à letra que te sei bem equilibrada pertinente e justa a arcar com esta maçada de deseducação...)
Se o João César Monteiro for ressurecto fará um filme só a preto e preto preto sobre preto e chamar-lhe-á estadodanação ja pois escurece e demasiado o país da justiça branqueada -- acabarão com a cor dos dias? -- «isto» está mil vezes pior que hospício de doidos que João César também filmou...
HOMENAGEM MINHA A JOÃO CÉSAR MONTEIRO:
O DOIDO LÚCIDO NUM PAIS DE GERENTES ENGENHEIROS ECONOMISTAS E JURISTAS INFAMES E INSANOS:
Lisboa, Príncipe Real:
César Monteiro, boceja, canta,
louco d’asilo tenebrosamente vaiado e anulado.
BJNH A ELSA E ABRAÇO A HELDER
PS- pobre da Anabela tb a braços com a «deseducação sexual...»

Anabela Magalhães disse...

O país assemelha-se cada vez mais a um buraco negro onde quase nada parece funcionar, onde vale tudo, onde tudo é considerado normal.
Não é saudável nem desejável que existam queixas e não se averigue o que se passa de forma legal para que se possa actuar dentro da legalidade.
Não é saudável, nem desejável, nem tão pouco legal que haja filmagens clandestinas dentro de uma sala de aula.
Só que neste caso, como em muitos outros anteriormente, as gravações existiram e são do domínio público.
O conteúdo do que foi passado resultou de efeitos especiais? Ou aquelas palavras articuladas saíram mesmo da boca daquela professora dentro daquela sala de aula? O caso está reforçado por queixas anteriores? Há indícios graves? Neste caso parece-me correcto suspender o profissional. É o que defendo também para o caso do presidente do Eurojust. Em qualquer dos casos averigue-se e no final absolva-se ou condene-se.
Aproveito para deixar aqui bem claro que não contem comigo para branquear situações com esta gravidade. Um professor tem dias felizes e infelizes, concordo. Em nenhum dia, mesmo que mediante provocação um professor pode dirigir-se a uma turma nos modos ou com os termos que constam daquela gravação.
De resto mantenho a minha posição para este caso e para o do Eurojust realçando que uma suspensão não é equivalente a uma condenação.
É que parece que há gente que anda a confundir tudo.

maria eduarda disse...

Claro que, como agora o professor está na berlinda, há que mostrar os "podres" ao máximo.

Se o que está na gravação, é autêntico, é condenável, sem dúvida nenhuma.

Venham os esclarecimentos, estamos cá para os ouvir!

Anabela Magalhães disse...

Faça-se luz. Mas fará?
Portugal é perito em apagões. :(

 
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