segunda-feira, 20 de abril de 2009

Opinião

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JOSÉ SÓCRATES, O CRISTO DA POLÍTICA PORTUGUESA
por
João Miguel Tavares
Jornalista - jmtavares@dn.pt03 Março 2009

Ver José Sócrates apelar à moral na política é tão convincente quanto a defesa da monogamia por parte de Cicciolina. A intervenção do secretário-geral do PS na abertura do congresso do passado fim-de-semana, onde se auto-investiu de grande paladino da "decência na nossa vida democrática", ultrapassa todos os limites da cara de pau. A sua licenciatura manhosa, os projectos duvidosos de engenharia na Guarda, o caso Freeport, o apartamento de luxo comprado a metade do preço e o também cada vez mais estranho caso Cova da Beira não fazem necessariamente do primeiro-ministro um homem culpado aos olhos da justiça. Mas convidam a um mínimo de decoro e recato em matérias de moral.
José Sócrates, no entanto, preferiu a fuga para a frente, lançando-se numa diatribe contra directores de jornais e televisões, com o argumento de que "quem escolhe é o povo porque em democracia o povo é quem mais ordena". Detenhamo- -nos um pouco na maravilha deste raciocínio: reparem como nele os planos do exercício do poder e do escrutínio desse exercício são intencionalmente confundidos pelo primeiro-ministro, como se a eleição de um governante servisse para aferir inocências e o voto fornecesse uma inabalável imunidade contra todas as suspeitas. É a tese Fátima Felgueiras e Valentim Loureiro - se o povo vota em mim, que autoridade tem a justiça e a comunicação social para andarem para aí a apontar o dedo? Sócrates escolheu bem os seus amigos.
Partindo invariavelmente da premissa de que todas as notícias negativas que são escritas sobre a sua excelentíssima pessoa não passam de uma campanha negra - feitas as contas, já vamos em cinco: licenciatura, projectos, Freeport, apartamento e Cova da Beira -, José Sócrates foi mais longe: "Não podemos consentir que a democracia se torne o terreno propício para as campanhas negras." Reparem bem: não podemos "consentir". O que pretende então ele fazer para corrigir esse terrível defeito da nossa democracia? Pôr a justiça sob a sua nobre protecção? Acomodar o procurador-geral da República nos aposentos de São Bento? Devolver Pedro Silva Pereira à redacção da TVI?
À medida que se sente mais e mais acossado, José Sócrates está a ultrapassar todos os limites. Numa coisa estamos de acordo: ele tem vergonha da democracia portuguesa por ser "terreno propício para as campanhas negras"; eu tenho vergonha da democracia portuguesa por ter à frente dos seus destinos um homem sem o menor respeito por aquilo que são os pilares essenciais de um regime democrático. Como político e como primeiro-ministro, não faltarão qualidades a José Sócrates. Como democrata, percebe-se agora porque gosta tanto de Hugo Chávez.

Nota - Este artigo de opinião chegou-me via e-mail com a indicação de que José Sócrates processou o jornalista, João Miguel Tavares, que escreveu este artigo de opinião para o Diário de Notícias.

9 comentários:

CLAP!CLAP!CLAP! disse...

A cada feira vai um tolo...

Anabela Magalhães disse...

Acho que já vai mais do que um!
Clapinho, tás benzinho?

CLAP!CLAP!CLAP! disse...

quase q ando de trotinette....
beijos

Anabela Magalhães disse...

Nem penses em andar de mota!!

maria eduarda disse...

Clap,
Andar, só de ferrari! :D

Anabela Magalhães disse...

Pois, de ferrari velho que é para não lhe dar hipótese de andar por aí a assapar!
Ora viva, Dudú!

maria eduarda disse...

Nem brinques com o meu ferrari! Hoje à tarde fui com uma colega a Beja, e ela só dizia: "Isto anda bem, um trabalhar que é um primor!"
Ahah!

maria eduarda disse...

É uma viatura de carago!
está melhor assim?

Anabela Magalhães disse...

Sim. Agora estou convencida da estaleca da coisa!

 
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