quarta-feira, 29 de outubro de 2008


Menina do Portefólio - Caen - França
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Orgulho III
Pôr / Tirar

Para quem comigo priva, e me "conhece" pessoalmente, ou me conhece através das minhas escritas neste blogue, e quando digo "conhece" estou mesmo a referir-me a conhecimento, sabe que eu sou apenas uma em qualquer circunstância. Aqui, ali, acolá. Ontem, hoje, espero que amanhã.
Continuo a ter muito apreço por três conquistas, que vêm dos nossos antepassados muito longínquos, e de que falo sempre, dando muito relevo, aos meus alunos de 7.º ano. Ora essas conquistas são a bipedia, a verticalidade e o pensamento. Conquistas feitas com tanto esforço pelos meus antepassados ia lá eu agora deixá-los ficar mal! Daí andar somente com os meus pés no chão, em posição adequada à minha coluna vertebral, que a tenho no sítio, e da qual, ao que sei, não sofro. Já o disse neste blogue. Não sou uma minhoca nojenta e viscosa de traz e leva, uma minhoca nojenta sem coluna vertebral que ziguezagueia sem parar, rastejando, que não assume as suas posições. E muito menos me desloco de cócoras, posição nada apropriada à minha pessoa.
Não prescindo de pensar, embora confesse que às vezes tenho inveja daqueles que parecem passar incólumes pelas coisas mais inacreditáveis e que parecem não reparar no que se passa mesmo à frente do seu nariz. Não me incomodaria tanto, é certo.
Toda a gente que me "conhece" sabe que pode contar comigo, em jogo completamente limpo e escancarado, a jogar em campo aberto. Gosto de receber o mesmo em troca e quando isso acontece fico sempre a pensar que estamos no bom caminho. Quanto às jogadas políticas, ou de outra ordem qualquer, estou completamente indisponível para elas. Não pertenço a clubes desportivos, políticos, religiosos. Exercito os meus neurónios da forma como muito bem entendo, sem dar cavaco a ninguém, absolutamente a ninguém, apenas, como aqui deixou dito o AMM, "respeitando fielmente os valores que acolhi como meus", algures lá atrás no tempo, e que muito prezo e cuido.
Serve tudo isto para reafirmar neste blogue, publicamente portanto, que o que aqui está dito está dito. Não ponho absolutamente nada, porque quem põe são as galinhas, e muito menos tiro seja que post for, sobre que assunto for. Assumo todas as palavras aqui escritas que me saem do pelo. Podia ficar calada. Podia só dizê-las. Mas confesso que gosto de as escrever e que estou intimamente ligada a cada uma delas e que já nem consigo viver sem as palavras escritas. Colaram-se a mim... ou eu a elas... que nem sei explicar muito bem o que me aconteceu.
Assim só posso concluir que quem me aborda perguntando se eu já retirei este ou aquele conteúdo, por ser incómodo, só pode ter um completo, mas completo desconhecimento da minha pessoa.

Nota final - Para que não haja mal-entendidos, declaro aqui publicamente que nunca senti qualquer pressão da parte da direcção da minha escola, sobre os conteúdos do meu blogue. Mais afirmo que sempre que falei com o meu director sempre lhe disse o que pensava e nunca tive qualquer problema em afirmar a minha discordância parcial, ou mesmo total, sobre assuntos entre nós conversados.
E continuo a mesma. Euzinha. E sem esqueletos nos meus armários.

6 comentários:

A lareira de Santiso disse...

Saúdos e saúde!
alégrome de coñecer o teu blog e agradezo a túa visita. Hei pasar por aquí máis veces.

Anabela Magalhães disse...

Combinadas.
Bjs galegos

Avó Pirueta disse...

Este teu texto, minha Princesa do Tâmega, deveria servir de medida para muitos (incluindo eu!) por ele se medirem e se sentirem GENTE! Ou como objectivo final a atingir. Escreveste-o com uma certa raiva e mágoa que algum fraco te provocou. Mantém-te assim, erecta, livre e pensante. Só a tua postura já ensina, e não apenas os alunos...
Continua a voar alto, minha Águia, num país com muitos ratos. Estou contigo. Avó Pirueta

Anabela Magalhães disse...

Obrigada, Carmito, pelo teu apoio, sempre importante nestas horas complicadas que se vivem no ensino.
Sempre fiz questão de assumir o que digo e e o que faço, e continuo a ter uma grande preocupação em adequar o que faço ao que digo e vice-versa.
Quanto ao ser uma águia confesso que isto me deixou a sorrir :), muito embora olhe sempre para mim como uma pessoa vulgaríssima, com muitas limitações, de inteligência mediana, com os dois pés bem assentes no chão, que não precisa de puxar por galões nem sei do quê, insatisfeita permantemente com o seu trabalho, muito crítica comigo mesma, às vezes até acho que em exagero, que trabalha muito e permanentemente, independentemente da malfadada Avaliação do Desempenho que tantos prejuízos causou já à escola pública.
Mas tenho que te dizer que numa coisa me aproximo dos pássaros.
Aproximo-me no voo livre do qual não abdico.
Beijocas

extramar disse...

Não é orgulho como se diz no título, que isso é um sentimento egotista. Chama-se a isso resistir ao medo que os peões da mediocracia infundem para arrastar todos no mesmo turbilhão dominado pelo temor.

Anabela Magalhães disse...

Também é orgulho, Extramar. Orgulho por me conservar assim, lutadora, quase aos 50 anos. Orgulho por olhar para trás e ter um percurso coerente entre a palavra e o acto. Continuo a lutar por aquilo em que acredito. E garanto-te que é orgulho mesmo! :)

 
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