sexta-feira, 25 de abril de 2008

25 de Abril, Sempre!


Cravos Vermelhos - S. Gonçalo - Amarante - Portugal
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

25 de Abril, Sempre!!!!!!

Cheguei agorinha mesmo a casa com o propósito de fazer um "post" sobre o 25 de Abril e tinha até escolhido o título, absolutamente nada original, mas nunca tão actual, de "25 de Abril, Sempre". Mas eis que abro o meu blogue e vejo uma mensagem, muito singela, do meu Maracujá, que me dizia, como de costume, "Tenho um para si". Devo dizer que quando o Maracujá me envia este tipo de mensagem é sempre dia de muita alegria para a autora deste blogue. Porque os textos do meu Maracujá são sempre de uma qualidade excepcional. Porque são textos amadurecidos, profundos, sérios, cuidados. É mais uma vez o caso deste "25 de Abril, Sempre"
Eu tinha o propósito de reflectir um pouco sobre o estado de espírito colectivo surgido em Portugal com o 25 de Abril de 1974. De como um país amordaçado, triste, pobre, sorumbático, soturno, explodiu, de repente, numa gargalhada feliz, livre, enérgica, esperançada. E de como isso nos está a faltar nos dias que correm. E ia acabar com um "melhores dias virão", porque eu sou o diabo duma optimista... mas, depois de ler o texto do Maracujá, poderia eu dizer tudo o que está já dito superando-o? Impossível.
Vai daí, calo-me, respeitosamente, e deixo as palavras para quem tão sabiamente as domina. E peço-as emprestadas para integrarem, brilhantemente, a minha apresentação sobre o 25 de Abril que sairá assim melhorada por este final feliz. Será o último diapositivo.
Obrigada, Sempre, Maracujá!!!

25 de Abril, Sempre!!!!!!!!

Sentei-me no jardim, na terra aquecida pelo solarengo dia que se vivia.
Estava no meio das flores e do chilrear dos pássaros.
Gentilmente toquei as ásperas pedras quentes que estavam a meu lado.
Olhos do mundo.
Perto delas estava um cravo
Fraco e débil
Saudoso do lar
Uma qualquer espingarda de Abril
Uma qualquer arma da revolução...
A Liberdade
O espírito perdeu-se
ou Evoluiu
o cravo vermelho foi esquecido
Mas naquele dia e nos outros eu era livre
Mesmo se nem sempre o valorizámos
Contudo
o cravo de Portugal
ou Portugal num cravo
jaziam no chão...
Propósitos perdidos
Ideais corrompidos.
A Liberdade não era a mesma
Coisas que não deviam ser esquecidas estavam perdidas.
Olhei o Céu e as Árvores e pedi conselhos.
Então num virar da ampulheta
Olhei à minha volta e vi cravos vermelhos
Até onde o olhar alcançava
E quem sabe mais além
A Liberdade de Abril
do Abril da Liberdade
subsistia.
Estava de novo viva.
Empunhada pelos jovens.
Então peguei na mais bela das pedras que estava ao meu lado
E tentei vergá-la mas não fui capaz.
Era Portuguesa e livre.
Tal como eu
Tal como nós.

25 de Abril, Sempre!!!!!!!!

4 comentários:

Helder Barros disse...

Vergo-me humildemente, perante o brilantísmo do texto (poema) deste jovem. Com jovens assim, 25 de Abril sempre; não há dúvidas! Parabéns Maracujá, Parabéns Escorpião Azul!

Anabela Magalhães disse...

Thanks, Helder, pelo Maracujá e por mim.
25 de Abril, Sempre!

EMD disse...

Eu já não perco um texto deste jovem poeta! Que criatividade, que manejo da língua, que sensível inteligência, que surpreendente maturidade!!!
Que delicioso Maracujá!

Anabela Magalhães disse...

Delicioso! O Maracujá voou, EMD! Hoje escutei este poema no Salão Nobre da Câmara Municipal de Amarante, em sessão solene comemorativa dos 40 anos do 25 de Abril!E foi lindo! E isso fez-me voltar aqui, apercebendo-me, a esta distância, que te deixei um comentário aqui pendurado... sorry, escapou-me por completo!
Beijo grande! Continuas, sempre!, no meu coração.

 
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