sexta-feira, 20 de julho de 2007

Alice

Conheço a Alice desde os tempos da minha adolescência. Rapariga lindíssima, com raízes familiares no nosso burgo, só pensava nas férias para se poder escapulir de Chaves e assentar arraiais, durante todo o Verão, aqui em Amarante. Como ela adorava vir, a cada nova "saison" integrar o grupo extenso que se movimentava, Amarante acima e abaixo, e que diariamente rumava em direcção ao rio, aos Poços, e do qual eu também fazia parte.
Ontem, dia do seu aniversário, tivemos oportunidade de relembrar velhas peripécias engraçadas, de relembrar brincadeiras inofensivas, por vezes hilariantes, que fazem parte do nosso património comum de memórias. Desse património comum recordo apenas os 27 de Setembro de cada ano, Dia do Grupo, em que, invariavelmente, íamos encerrar a "saison" aos Poços. Era um cerimonial "naif", mas cheio de significado, em que nos despedíamos do Verão, das férias, dos amigos que passavam as férias em Amarante e que eram do Porto, de Chaves, de Oeiras e até de Pontevedra...e que consistia em atirarmo-nos do pontão, totalmente vestidos, no meio do maior estardalhaço, fizesse sol, chuva, frio ou calor. E recordo ainda a célebre festa do 27 de Setembro, festa grandiosa de garagem, tinha eu catorze anos, em que quase todos nós, rapazes e raparigas, acabámos nos braços de um(a) amigo(a) a chorar baba e ranho por causa dos nossos amores desencontrados...
Ontem ao jantar relembrámos estas e outras histórias e rimos destes tempos felizes que não se apagaram das nossas memórias. A Alice casou com o Paulo e vive desde então em permanência em Amarante. Casou aos vinte anos e tem dois filhos de idades muito próximas que mais parecem seus irmãos. Ontem foi vê-la, feliz, a festejar quarenta e cinco anos. E nós na brincadeira com ela... dormes numa bolha de oxigénio? Andas a fazer plásticas? Pões Botox?
Já tivemos vidas muito, muito próximas, agora nem tanto... mas eu sei onde ela está e ela sabe onde eu estou. Combinámos tomar café na próxima semana para pormos as duas a conversa em dia e repetir a cena do último encontro... beijinhos e abraços apertados e demorados, demorados, entre gargalhadas, no meio da rua, na hora da despedida. Vamos de novo escandalizar o burgo com uma amizade resistente que se aproxima da irmandade!
Parabéns Alice. Estás uma belíssima... quarentona!

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