quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Sangue

Sangue - Nouakchott - Mauritânia
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Sangue

Recebi hoje o meu usual e periódico convite para dar sangue, no próximo sábado, dia 3 de Março, na E. B. 2/3 de Amarante. Lá estarei.

Confesso que nunca me ocorrera ser dadora de sangue até que a minha filha Joana me falou no assunto. Não precisei pensar muito e não hesitei. Dar o que é meu, e é íntimo, o sangue que me corre nas veias, não é coisa muito difícil...e pode sempre salvar uma vida. É um slogan gasto de tão repetido, mas tão verdadeiro. A minha mãe, durante a sua prolongada doença, necessitou de inúmeras transfusões de sangue, sem as quais não sobreviveria tantos anos, e ainda com alguma qualidade de vida. Eu posso precisar...dar para receber...deixemo-nos de egoísmos e levantemos os rabos dos nossos confortáveis sofás!

"Dê sangue. Vai ver que não dói nada!"

O Instituto Português de Sangue agradece.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Trabalho


A Fazer o Pão - Ouarzazate - Marrocos
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Intromissão Reincidente


Intromissão Reincidente - Chefchaouen - Marrocos
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

domingo, 25 de fevereiro de 2007

Para os meus alunos... passados, presentes e futuros...

Para os meus alunos...passados, presentes e futuros...

O que são, para mim, os meus alunos?
Os milhares de alunos que já tive ao longo da minha carreira profissional como docente, como professora? Alunos a quem leccionei História, História da Arte, Língua Portuguesa, Francês, Estudo Acompanhado, Área de Projecto, Formação Cívica, Mundo Actual, Cidadania e Mundo Actual, Ciências Sociais e Formação Cívica, O Homem e o Ambiente, Formação Complementar...
Uf! Uf! Em escolas primárias, à noite e, por vezes, por estradas de terra, como S. Simão, Carvalho de Rei, Mancelos, Lomba, Gatão, Paredes de Viadores, Fridão; na E.B da Lixa, de Toutosa, do Marco, de Amarante; em secundárias como a do Marco e a de Amarante; e na Escola de Artes e Ofícios Tradicionais de Amarante. Onde leccionei de manhã, à tarde e à noite. Onde leccionei matérias do quinto ao décimo segundo ano de escolaridade. A alunos portugueses, franceses, russos, ucranianos, brasileiros. Alunos ditos normais e ditos especiais. Com distrofia muscular, paralisia cerebral, alunos surdos, disléxicos, mudos. Alunos saudáveis e doentes. Alunos abusados física e psicologicamente. Ou não. Alunos que têm uma identidade: Glória, Miguel, Igor, Maria, Isabel, Francisco, Raquel, Mariana, Tiago, Sara, Cláudia, Helder, Filipe, Nelson, Carla, Moisés, Ana, Patrícia, Carina, Paula, Dolores, Joana, Sérgio, Ricardo, Hugo, Liliana, João, Óscar, Eva, Luís, Alice, Mónica....precisaria de outra vida para vos relembrar a todos! Alunos atentos, brincalhões, malandros, malcriados, responsáveis, egoístas, inseguros, extrovertidos, mentirosos, tímidos, alegres, sofridos, corajosos, problemáticos, honestos, irrequietos, solidários, responsáveis, interessados, provocadores...

O que são, para mim, os meus alunos?
São tudo o que me interessa a nível profissional. E são muito a nível afectivo. Deram-me uma grande plasticidade profissional, uma grande capacidade de adaptação e uma rápida capacidade de reacção. Ensinaram-me a ser mais tolerante e a compreender que todos nós erramos uma vez ou outra.
Obrigada a todos.
Continuo a aprender convosco... todos os dias.

E a rir! E isso não tem preço!

sábado, 24 de fevereiro de 2007

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Para o Sahel


Home - Akakus - Sahara - Líbia
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Para o Sahel

Estava a ver as fotografias que postei no meu blogue e lembrei-me da minha viagem à Líbia.
Surpreendente. No mínimo surpreendente.
Preparada com dois anos de antecedência, adiada por causa do início da Guerra do Iraque, deu tempo para ir aceitando cada vez mais amigos, e amigos de amigos, que se foram juntando sem mesmo saberem o que íamos visitar, fazer ou acontecer. Apenas sabiam que, dos onze dias disponíveis, quatro seriam para viagens de ligação, e cinco seriam passados em pleno deserto.
Todos queriam ser surpreendidos. E foram, cada um à sua maneira. Para todos foi uma experiência extremamente enriquecedora. Não é todos os dias que dormimos num saco cama. Não é todos os dias que tomamos banho, em pleno deserto, por trás de uma duna ou de uma pequena árvore, com metade de uma garrafa de litro e meio de água e nos sentimos lavados até à alma. Não é todos os dias que jantamos à volta de uma fogueira, nosso único ponto de luz, no meio da escuridão. Não é todos os dias que adormecemos embalados por música tuaregue, tocada baixinho, mesmo para nos aconchegar. Não é todos os dias que adormecemos a olhar o céu, o incrível céu do deserto. Não é todos os dias que ouvimos cantar as dunas mesmo por baixo dos nossos pés. Não é todos os dias que saímos da tenda, a meio da noite, sem GPS, para resolvermos uma emergência, e nos perdemos em pleno deserto! Não foi Zé Mário? Não é todos os dias que nos encontramos sem frigorífico para assaltar. Não foi Zé ? Não é todos os dias que temos praticamente uma desconhecida a pedir-nos que a deixemos dormir na nossa tenda, no meio de nós, porque tem medo dos bichos. Não foi Raquel? Não é todos os dias que deitamos as mãos à cabeça e giramos sobre nós próprios, feitos umas baratas tontas e perguntamos atónitos "Meu Deus! Como é que eu vou conseguir explicar isto a alguém?!" Não foi Mel? Não é todos os dias que fazemos anos no deserto e dançamos com o pide-guide mais divertido e cheiroso do mundo. Não foi João? Não é todos os dias que observamos um crescimento interior acelerado, e bem direccionado, nos nossos filhos. Não é todos os dias que conhecemos um Abdul, um Sahel ou um Moufta. Salam Aleikum para todos vocês. Que a vida vos trate com generosidade.
Não é todos os dias que estancamos bruscamente perante O Ponto de Não Retorno.
A nossa vida está cheia deles mas, como os ver? Como ter consciência deles?

E jamais esquecerei a reacção da Júlia, abraçada a mim, em pleno deserto, a chorar convulsivamente e a agradecer-me por eu lhe ter mostrado o que ela nunca pensou ver.
A plenitude.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Home


Home - Akakus - Sahara - Líbia
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Home

Sem comentários.

Home


Home - Akakus - Sahara - Líbia
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Home

Sem comentários.

Diversidade e Deserto

Diversidade e Deserto

Os seres humanos são muito diferentes entre si. Felizmente não nascemos previamente formatados em matéria de religião, política, sentimentos, gostos, estéticas...daí a nossa beleza, a beleza de sermos únicos e irrepetíveis, de sermos diferentes.
Estava a pensar o quanto eu gosto do deserto. E a pensar como posso explicar este meu amor pelos espaços áridos em que a natureza está reduzida à sua essência: areia, vento, água, rocha, uma ou outra planta, um ou outro animal, o silêncio, o céu ora azul, ora tempestuoso e ameaçador, o céu da noite povoado de milhões de estrelas.
Monótono? Nunca!
Também ele é irrepetível e surpreendente, tal como cada um de nós.
Dentro dele sinto-me aconchegada, confortável, tranquila, em paz, feliz.
O supremo luxo da minha vida?
Um "quarto" com milhões de estrelas. Sim, sou muito exigente. E não me contento com quartos cinco estrelas, que por vezes experimento, e em que tenho sempre a sensação de desconforto, de não pertença. Cinco estrelas? Insuficiente, uma vez que posso ter milhões delas!

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Home


Home - Sahara Ocidental
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Aconchego


Aconchego - Sahara Ocidental
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Espelho


Espelho - Nouakchott - Mauritânia
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Entardecer


Entardecer - Nouakchott - Mauritânia
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Perda

Perda

O Helder comentou comigo que ultimamente me ouve dizer que estou velha, que estou cansada, e que isto não pode ser...não numa "rapariga tão jovem" quanto eu!
A minha mãe morreu há um mês e cinco dias. A verdade é que desde aí me sinto velha e cansada. E triste.
Tenho que fazer o meu luto interior.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Para a Patrícia

Para a Patrícia

Pequenina, aparência frágil, modesta, solidária, persistente, afectuosa, atenta, educada, sensível, determinada, generosa, perfeccionista, organizada, disciplinada, carinhosa, discreta, paciente, silenciosa. Assim é a minha mãe.

Lembrei-me hoje que me dizias frequentemente que, quando eu nasci, nunca tinhas visto um bebé tão feio. E que choravas sempre que me davas banho, sempre que davas banho a dois quilos e meio de gente. Tinhas medo de me estragar! De me estragar para sempre.
Sobrevivi... e correspondi como soube e como fui capaz.
Quando necessitaste, também eu te dei banho, limpei-te, hidratei-te, alimentei-te, aconcheguei-te. Como tu me fizeste há muitos anos atrás.
E fiz-te rir. Como tu me fizeste rir tantas vezes, já tão doente, e com um sentido de humor desconcertante.

E eu também chorei quando te vesti pela última vez com a roupa que querias e te penteei, como tu gostavas, e te ajeitei o cabelo com as minhas mãos. E observei-te em silêncio. Só tu e eu.
Tanto sofrimento sem um queixume, sem alarido. Tanto sofrimento silencioso, somente traída por uma ou outra lágrima furtiva que deixavas escapar pelo canto dos olhos, e que tantas vezes te limpei, pensando que te estavas a despedir silenciosamente de nós.

Dar para receber. Dar para receber. Não te preocupes, a Joana já aprendeu a lição.

Levei-te ao colo pela última vez num sábado de sol radioso e de céu azul, como tu tanto gostavas. Lembrei-me da outra vez em que peguei em ti ao colo e te levei à Aboboreira para veres a "minha" raposinha. Os teus olhos brilharam de excitação. Parecias uma criança!

Despedi-me de ti uma última vez. Desde Agosto que me despeço de ti como se fosse a última vez. Agora foi mesmo a sério. Já não aguentavas mais.

E eu continuo por aqui a lamber as minhas feridas pelos cantos da casa.

E amiúde ausento-me e monto acampamento no sopé de dunas gigantescas que subo de madrugada, em percursos que te deixam assustada.
Ouço o silêncio.
Observo as dunas que já vi brancas, amarelas, cor-de-rosa, laranja, castanhas, douradas, vermelhas. Grãos de areia que cantam debaixo dos meus pés.
Sinto-me perto de mim e de ti.
E tenho a certeza. Não somos nada e somos tudo... por breves momentos.

Pequenina, aparência frágil, modesta, solidária, persistente, afectuosa, atenta, educada, sensível, determinada, generosa, perfeccionista, organizada, disciplinada, carinhosa, discreta, paciente, silenciosa. Assim é a minha mãe.

Sobrevive na minha memória.
 
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